domingo, 7 de março de 2010

A representação do "Frei Luís de Sousa" no Sá da Bandeira

Frei Luís de Sousa é uma das obras que mais marcou o Romantismo do século XIX em Portugal. A peça redigida por Almeida Garrett e representada pela primeira vez em 1843 foi alvo de numerosos louvores até à actualidade. No mês de Janeiro de 2010, o Teatro Sá da Bandeira, no Porto, enquadrou nos seus espectáculos esta dramatização, dirigindo-a aos mais jovens. Contudo, a intenção de exaltar este mestre das letras, que foi Garrett, não foi bem conseguida.
Assim, podemos começar por abordar os cenários onde toda a acção dramática se desenrola. Baseados na obra original, verificamos o quão incompletos se mostraram. Ainda que a presença de velas e do vasto pano escarlate de fundo no palco intensificassem o clima de tragédia na história, não foi realmente feita nenhuma modificação notória de espaço físico ao longo dos três actos. O espectador não encontrou inicialmente a sala ampla, luminosa e ricamente decorada do palácicio de Manuel de Sousa Coutinho que o fizesse crer numa felicidade aparente das personagens. Não apareceu, no segundo acto, o salão mais sombrio da residência de D. João nem, mais tarde, indícios da capela da Senhora da Piedade, onde Madalena e o marido se separariam em entrega a Deus. Os cenários não se revelaram, como era suposto, fiéis às indicações da obra.
É também de salientar a falta de profissionalismo e a má escolha dos actores na passada sessão de teatro. As figuras de Madalena e Maria sofreram as piores representações, pois foram interpretadas por actrizes com pouca naturalidade que criavam gestos demasiado afectados e excessivamente teatrais. O tom de voz era tão baixo que não chegava ao auditório.
Por fim, torna-se necessário ter em conta os adornos que acompanhavam as personagens. Poderiam ter sido mais dignos de uma casa de teatro de tal prestígio. Tomando como exemplo um dos vestidos usados por D. Madalena, rapidamente apontamos a sua miserável execução.
Em suma, a representação teatral deverá ser melhorada. Os seus concretizadores que vejam a grandiosidade de Frei Luís de Sousa e, então, procurem compensar a obra-prima com trabalho de maior esplendor.
Maria do Carmo Ayres Pereira 11º J

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