quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Frei Luís de Desilusão

A adaptação de “Frei Luís de Sousa” pela companhia ACTUS no TSB no passado dia 27 de Janeiro revelou-se abaixo das expectativas dos alunos do 11º ano do Garcia de Orta.
De modo evidente, observou-se por parte dos actores uma fraca capacidade em exprimir a emotividade nas várias situações postas em palco e a incapacidade de dar conta da proximidade das relações que Garrett pretendia transmitir, referindo como exemplo as últimas cenas da peça, mais concretamente a da cerimónia de conversão de Madalena e Manuel, em que o actor que encarnou o Arcebispo revelava um ritmo intermitente enquanto pronunciava as suas deixas.
Prosseguindo para a projecção de voz, os actores revelaram ineficiência na capacidade de serem ouvidos pelo público. De facto, os alunos encontraram dificuldades em ouvir alguns actores, como as que interpretaram Maria e Madalena, sobretudo quando era preciso que se virassem de costas para o auditório, em que pouco era o que se entendia dos seus discursos.
Sendo uma companhia de teatro que actua para públicos juvenis, os artistas já teriam que saber que a plateia não seria propriamente fácil, mas também a disposição dos microfones não ajudou. Por exemplo, durante o espectáculo, a personagem mais difícil de ouvir, e uma das mais importantes, Maria, foi posta em cena por uma actriz que não conseguiu projectar a sua voz, tornando bastante difícil a compreensão das suas falas.
Para agravar este problema, o cenário era tudo menos interessante, já que não remetia para a época, não tornado evidente o espaço elegante e luxuoso em que decorre o primeiro acto, no texto garrettiano. Este era, assim, constituído por uma mera cadeira e uma mesa com um ramo de flores, ou seja, bastante monótono. Igualmente numa das cenas mais importantes da peça, onde o Romeiro se identifica como D. João de Portugal, apenas permaneciam no palco três panos com tinta preta e branca onde era extremamente difícil de perceber qual dos quadros descrevia D. João de Portugal.
Ainda, a Companhia revelou uma má adaptação da peça saltando algumas partes importantes. No início, mesmo depois de uma leitura da peça, havia alunos que se questionavam sobre o que estava a passar. Apontamos, quanto a este aspecto, o exemplo da cena do Romeiro que, quando Telmo o interroga sobre quem ele é, aquele não aponta para o seu quadro, como se apresenta descrito na obra, o que tornou imperceptível o facto de Frei Jorge conhecer ou não a verdadeira identidade do Romeiro.
Queríamos, ainda assim, congratular o costureiro, tendo em conta que foi o único que demonstrou algum talento, vestindo os actores com peças de roupa muito elegantes, remetendo para a época da obra.
Em suma, a adaptação de “Frei Luís de Sousa” feita pela Companhia profissional ACTUS revelou-se bastante aquém das nossas expectativas, acreditamos que desiludindo todos em geral.

11ºD

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