Eça de Queirós dá grande importância a Lisboa na sua obra-prima “Os Maias”. A cidade deixa de ser um cenário para constituir um espaço preponderante no decorrer da acção, ao permitir não só caracterizar as personagens modeladas, como ao revelar grande influência na alteração dos seus comportamentos.
Efectivamente, é notório que não são só as relações interpessoais que modelam as personagens, mas também a sua relação com a cidade e a vida que esta oferece. N’”Os Maias”, Eça de Queirós descreve uma Lisboa estagnada a todos os níveis, desde o aspecto cultural ao social, revelando-se em todos os comportamentos e atitudes dos seus habitantes. É uma cidade completamente corrompida, com valores morais degradados, que, aliados ao tédio e ao comodismo, impedem o desenvolvimento e atrasam o país em relação às tendências modernistas europeias. E a falta de iniciativa em que se encontra a cidade contribui para que ninguém sinta vontade de inovar e desenvolver. Descrever Lisboa e a Sociedade Portuguesa oitocentista finissecular é descrever exactamente o mesmo: o espírito romântico decadente.
Carlos da Maia é o exemplo da influência nefasta da cidade sobre as personagens, visto que, apesar de desde pequeno mostrar ser diferente dos outros, dotado de novas ideias e de um espírito empreendedor, com a chegada à capital e com o início do seu relacionamento social com as elites degeneradas que vivem das aparências, transforma-se num romântico, comodista, deitando por terra todos os sonhos e ambições de outrora.
Em conclusão, tendo em conta a influência que a cidade tem nos comportamentos das personagens, percebe-se o porquê de Eça de Queirós lhe ter dado tanta importância na sua obra.
Carlos Coutinho, nº9, 11ºE
quarta-feira, 26 de maio de 2010
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