quarta-feira, 26 de maio de 2010

LISBOA: figura carismática em OS MAIAS

Eça de Queirós dá grande importância a Lisboa na sua obra-prima “Os Maias”. A cidade deixa de ser um cenário para constituir um espaço preponderante no decorrer da acção, ao permitir não só caracterizar as personagens modeladas, como ao revelar grande influência na alteração dos seus comportamentos.
Efectivamente, é notório que não são só as relações interpessoais que modelam as personagens, mas também a sua relação com a cidade e a vida que esta oferece. N’”Os Maias”, Eça de Queirós descreve uma Lisboa estagnada a todos os níveis, desde o aspecto cultural ao social, revelando-se em todos os comportamentos e atitudes dos seus habitantes. É uma cidade completamente corrompida, com valores morais degradados, que, aliados ao tédio e ao comodismo, impedem o desenvolvimento e atrasam o país em relação às tendências modernistas europeias. E a falta de iniciativa em que se encontra a cidade contribui para que ninguém sinta vontade de inovar e desenvolver. Descrever Lisboa e a Sociedade Portuguesa oitocentista finissecular é descrever exactamente o mesmo: o espírito romântico decadente.
Carlos da Maia é o exemplo da influência nefasta da cidade sobre as personagens, visto que, apesar de desde pequeno mostrar ser diferente dos outros, dotado de novas ideias e de um espírito empreendedor, com a chegada à capital e com o início do seu relacionamento social com as elites degeneradas que vivem das aparências, transforma-se num romântico, comodista, deitando por terra todos os sonhos e ambições de outrora.
Em conclusão, tendo em conta a influência que a cidade tem nos comportamentos das personagens, percebe-se o porquê de Eça de Queirós lhe ter dado tanta importância na sua obra.

Carlos Coutinho, nº9, 11ºE

terça-feira, 25 de maio de 2010

RESUMO DA INTRIGA PRINCIPAL DE OS MAIAS

O par romântico Carlos-Maria Eduarda tem o seu primeiro encontro não em Sintra, mas em Lisboa, quando Carlos se desloca à casa onde Maria se encontra, a pedido desta, pois Miss Sara, a sua governanta, adoecera. Como Castro Gomes estava ausente, estas personagens começaram a encontrar-se mais frequentemente e tornaram-se amantes. Carlos chega mesmo a instalar a sua amada numa grande mansão.
A relação é marcada por alguns dissabores, nomeadamente, o comportamento de Dâmaso em relação à união de Carlos com Maria Eduarda, o qual chega a publicar coisas ofensivas n’A Corneta do Diabo e também a escrever uma carta a Castro Gomes, quando este estava ainda no Brasil, denunciando os encontros dos apaixonados, o que acabou por provocar a descoberta do passado de Maria.
Com a revelação da relação incestuosa, Carlos reage mal e mantém conscientemente a relação com a irmã, sem que esta saiba de nada. O avô de Carlos, Afonso da Maia, ao descobrir que o neto continua a encontrar-se com Maria, morre de desgosto. Mais tarde, Ega, a pedido de Carlos, conta a verdade a Maria e dá-lhe dinheiro para ir para o estrangeiro. Carlos vai viajar com o amigo pelo mundo com o fim de se distrair.
Dez anos após a morte de Afonso da Maia, Carlos volta a Portugal e descobre que o país está praticamente na mesma. Encontra vários amigos e Ega põe-no a par de tudo o que se tem passado nos últimos tempos, principalmente da vida das outras pessoas.
Luísa Barros, nº18, 11ºE

OPINIÕES SOBRE OS MAIAS DE EÇA DE QUEIRÓS

A obra “Os Maias” de Eça de Queirós é bastante conhecida não só pelo seu autor, mas também pela sua qualidade.
Após a leitura integral da obra, o episódio que considero mais empolgante é a história de Pedro da Maia e Maria Monforte, não só porque condiciona o a intriga principal, tornando possível a relação incestuosa de Carlos e Maria Eduarda, mas também pelo modo como Pedro se apaixona por Maria Monforte, levando ao ponto de se casarem mesmo contra a vontade do pai dele.
Relativamente à personagem que mais me marcou, considero que foi João da Ega, pela sua irreverência e por representar a voz contra a sociedade da altura, revelando-se, pois, uma personagem marcada por uma incontrolável rebeldia e pela defesa exaltada de ideias revolucionárias, nem sempre coerentes entre si. Ega é, contudo, sob a imagem trabalhada de si próprio, também um sentimentalista e frágil diante das paixões.
Para terminar, acrescento que, apesar d’ “Os Maias” serem no fundo um retrato social do século XIX, encontram-se alguns aspectos aplicáveis ao Portugal de hoje e, ainda que tenha gostado do livro (excepto algumas das longas e cansativas descrições), penso que poderia tê-lo aproveitado e apreciado um pouco mais, se não tivesse que o ler por ser considerada uma obra de leitura obrigatória.

Ana Rita Pacheco, nº5 11ºE


Eu não tive um momento/episódio predilecto. De facto tive vários. Gostei dos tempos de Carlos na faculdade, do jantar no Hotel Central, da ida a Sintra por parte de Carlos atrás da sua “Deusa”, não esquecendo o momento/episódio em que Cohen deu a entender ter descoberto que Raquel, sua esposa, o enganava com Ega.
Houve, na obra, duas personagens que me marcaram bastante, por motivos completamente contraditórios: Dâmaso Salcede e João da Ega.
Dâmaso Salcede despertou em mim um sentimento de raiva. É uma personagem completamente ridícula, um novo-rico, que quer ser amigo e “chique a valer” como Carlos e para isso o bajula. Completamente vaidoso, passa a vida a inventar histórias para que os outros o admirem. Contudo, por causa do seu orgulho ferido por Maria Eduarda, faz todos os possíveis para prejudicar Carlos Eduardo.
Por seu lado, João da Ega é um naturalista que se comporta como um romântico, quando está perdido de amores por Raquel Cohen, sendo este amor proibido pelo simples facto de Raquel ser casada. Ega é uma personagem extremamente crítica e irónica, possuindo assim um charme encantador e engraçado.
Com Os Maias, na minha opinião, Eça de Queiroz retrata na perfeição a sua época, satirizando também indirectamente a nossa. Assim, Os Maias são uma obra intemporal.


Raquel Oliveira Monteiro, nº 22, 11º C

Após uma primeira leitura do romance “Os Maias”, as opiniões dos leitores são muito variadas. Aqueles que gostam de ler, adoraram-no, ao contrário dos mais preguiçosos, que acharam uma «seca».
Na minha opinião, a primeira parte do romance é um pouco enfadonha, mas tem partes bastante importantes. Mas, como nem tudo é mau, a segunda parte é bem mais interessante, verificando-se mais “evolução” e acção na história, à medida que o romance incestuoso de Maria Eduarda e Carlos se desenrola.
Relativamente aos vários episódios da obra, aquele que mais me marcou foi o diálogo entre o casal protagonista após Castro Gomes ter contado a Carlos que Rosa não era sua filha e que Maria não era sua esposa, apenas uma mulher a quem pagava e que o seu verdadeiro apelido era Mac Gren. Ao ouvir estes factos, Carlos fica revoltado e sente-se traído, pois tudo o que vivenciara era para si falso. É então que resolve falar com a sua amante, acontecendo, a meu ver, o episódio mais bonito da obra.
Neste momento, os sentimentos de culpa por parte de Maria Eduarda são notórios, até porque já tinha tentado contar a Carlos o que agora ele veio a saber por outrem. Contudo, não teve coragem, receando a rejeição. Pede-lhe perdão, conta-lhe o seu passado, apela ao seu amor, entre lágrimas de sofrimento e de medo, uma vez que podia perder o seu grande amor.
Ao ver as reacções de Carlos, Maria revolta-se e declara-lhe bem alto o que sente por ele, usando uma das frases mais tocantes da obra: “Amo-te, adoro-te doidamente, absurdamente, até à morte!”. E Carlos, num momento de delírio, pede a sua mão em casamento. A sua amada fica eufórica só de apenas pensar em como seria o futuro entre eles e em como a sua vida seria maravilhosa. Porém, nada disto se verifica…
Custa pensar que um amor tão bonito estava já condenado, a partir do momento em que ambos saíram do ventre da mesma mãe!
É deste modo, e por estas razões, que a personagem que mais me marcou é a própria Maria Eduarda, despertando-me um sentimento de pena devido à dureza da sua infância e juventude. Graças aos caprichos e aventuras da sua mãe, a possibilidade de viver um amor ardente com a sua cara-metade, o irmão que desconhecia, foi totalmente destruída.
É triste a história de “Os Maias”, principalmente para as mulheres românticas. Como sou uma delas, esta obra marcou-me pela presença da ironia do destino e das coincidências que podem ocorrer ao longo de toda a nossa vida que, num instante, transforma a felicidade eterna em desgosto irrecuperável.


Sara Machado Oliveira, 11ºE, nº22

Nesta obra de Eça de Queirós, estimei vários episódios. Contudo, alguns momentos tiveram mais relevância para mim.

Apreciei bastante os episódios em que Carlos da Maia fazia todos os possíveis para que pudesse conhecer Maria Eduarda, pela qual se apaixonou desde a primeira vez que a avistou, à porta do Hotel Central, o que faz dele um romântico incurável. Também apreciei as visitas deste à Rua de S. Francisco, onde começou a desenvolver a relação tão desejada com Maria.

A personagem que mais me marcou foi João da Ega, o grande amigo de Carlos, não só pela sua personalidade excêntrica, mas também pela maneira como encarava a vida: com uma grande despreocupação e sempre com a intenção de se divertir e distrair. Outra personagem que me marcou foi Dâmaso Salcede, mas pela negativa. O facto de ele ser interesseiro, hipócrita e infiel fez com que eu não o valorizasse.

Em relação à obra em geral, penso que Eça conseguiu, claro que com muita ironia, retratar bem a sociedade da época e, por isso, achei interessante saber que hoje em dia o que se passa na nossa sociedade não é assim tão diferente do que é retratado n’Os Maias.

Luísa Barros, nº18, 11ºE


A história de “Os Maias” começa no Outono de 1875 quando Afonso da Maia se instala numa das casas de família, o Ramalhete. No início do livro, há uma analepse em que a narrativa remonta ao tempo de Pedro da Maia (filho de Afonso), entretanto falecido.
Nesta obra, o momento que mais me marcou foi o suicídio de Pedro, quando este chegou ao limite do seu sofrimento, da sua agonia, após a fuga da sua mulher. Nesta cena, Pedro mostra-se um fraco, confirmando a sua grande instabilidade emocional. Esta já se tinha verificado quando a mãe falecera. Assim, ao sofrer um grande desgosto com a fuga da esposa, andava como um “morto-vivo” pela casa do seu pai, depois de se reconciliarem. Juntando a morte da mãe ao facto de se encontrar sozinho, Pedro “bateu no fundo do poço” e deixou-se levar pelos maus sentimentos e emoções. Deixou tudo para trás (o seu filho Carlos e o seu pai Afonso) e acabou com a sua agonia.
Quanto à personagem que mais me marcou, foi decididamente João da Ega. Foi ele que me proporcionou momentos de descontracção, por ser uma personagem excêntrica que vive uma vida boémia. Ega é um homem um pouco contraditório: é um romântico sentimentalista e, ao mesmo tempo, um progressista e um crítico da sociedade. Impressiona tudo e todos com as suas atitudes arrojadas e revolucionárias. Sem dúvida, João da Ega é o espelho da faceta irónica de Eça de Queirós.
Embora me tenha “vergado” sob a tragédia e a comédia por ser uma história não só de amores e desamores, traições e mentiras, na minha opinião, ela é mais do que isso; ela “trabalha” temas sociais diversos, como a política, a religião, a literatura, a medicina…
Por fim, posso dizer que considero interessante, no final da obra, o balanço de vida feito por Carlos da Maia: a vida para ele é uma “treta” pois, por mais que tentasse lutar para mudá-la, reconhece que não vale a pena o esforço, porque há sempre “desilusões e poeira” - a fuga da mãe, a morte do pai e do avô e a descoberta do incesto (a mulher que amava era afinal sua irmã), por exemplo, são “poeiras” que encheram de fracasso a sua existência.

Nádia de Jesus, nº20, 11ºC